sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O estranho caso de Cernache sem Bonjardim

Cernache do Bonjardim vila que terá sido assim denominada devido à existência do Paço do Bonjardim (actual Seminário das Missões), actualmente não faz juz ao seu nome, visto não existir nenhum jardim público, digno dessa terminologia.
Tem-se assistido no decorrer das últimas semanas a um interessante debate entre o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Cernache do Bonjardim e o Sr. Presidente da Câmara Municipal da Sertã, a propósito da construção do dito jardim que esta Vila não possui. O Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Cernache do Bonjardim defende que o Município adquira o terreno anexo ao parque das feiras opinião  com que, pelo que me é dado a entender,  o Sr. Presidente da Câmara Municipal concorda, sendo que a questão do diferendo, que temos assistido através da comunicação social, se deve somente ao preço do referido terreno.
Na minha opinião pessoal não seria necessário adquirir qualquer terreno para a construção do referido jardim, o ideal para esta Vila seria a construção do jardim na totalidade do actual recinto do parque das feiras (sem aquisição de qualquer terreno anexo) e transferir o parque das feiras para outro local a designar. Isto, porque o referido terreno anexo, que segundo a comunicação social, tem uma dimensão de aproximadamente  2000 m2, que creio não ser área suficiente para fazer um jardim que dignifique o nome desta Vila e que se possa equiparar às áreas verdes existentes em vilas vizinhas como o Jardim Parque em Figueiró dos Vinhos ou a  Alameda da Carvalha na Sertã e, para além disso, não teria uma área envolvente adequada.
Outra hipótese que poderia  ser explorada seria a aquisição dos terrenos em frente à escola básica S. Nuno de Santa Maria e a criação do jardim nesse local, visto que a construção da referida escola foi mal planeada pelo anterior executivo, pois não existe espaço de recreio digno desse nome e sendo que com a aquisição desses terrenos poderia também ser resolvido o problema de estacionamento na Rua 5 de Janeiro.
Como hipótese de recurso, ou em conjunto com uma das referidas anteriormente, sugiro que seja celebrado um protocolo com a Sociedade Missionária da Boa Nova para a abertura do jardim do Seminário das Missões ao público, ficando a manutenção e ampliação do mesmo a cargo do Município. Simultaneamente, poderia ser analisada a candidatura do Seminário das  Missões a Monumento Nacional, como mais uma forma de fomentar o turismo na região.
A  Câmara Municipal da Sertã nos últimos tempos tem, também, falado na criação de um museu no Concelho, sendo o Seminário das Missões o local que, de longe,  mais condições reúne tanto a nível de importância histórica como cultural. A abertura de uma parte do edifício e da sua vasta biblioteca aos cidadãos como museu, poderia atrair turistas de todo o país, tendo no local do nascimento do mais recente Santo português,  S. Nuno de Santa Maria, o seu principal argumento  e seria uma mais valia para o concelho e  para a freguesia de Cernache do Bonjardim.
Termino esta breve reflexão com a resposta à Sra. Luzia Liberato e ao Sr. Luís Manuel que na última edição deste jornal teceram algumas considerações a propósito do meu último artigo.
Em primeiro lugar queria esclarecer a Sra. Luzia Liberato que, não sou contra a passagem da Volta a Portugal  e não nego que traga alguns beneficios para o concelho, sou contra é o timing deste final de etapa (o que pode constatar se ler o artigo com mais atenção do que diz que leu). Quero salientar é que face à dívida que a Câmara Municipal da Sertã apresenta, actualmente existem necessidades mais urgentes (tal como disse no último artigo), como por exemplo o tema que tratei hoje.
Quanto ao Sr. Luís Manuel lamento que esteja ideologicamente preso e que diga “Ámen” a tudo o que a Câmara Municipal da Sertã faz desde que mudou de cor política, e até defenda o investimento absurdo no estádio Dr. Marques dos Santos. Eu reafirmo que, a meu  ver a Câmara Municipal da Sertã tem as prioridades mal definidas,  deve sim apoiar e incentivar a prática do desporto mas não tem a obrigação de financiar projectos megalómanos, sendo que os clubes de futebol devem ser tão auto suficientes quanto possível. Absurda também é a necessidade do concelho ter um Pavilhão Multiusos.  Mais um “elefante branco” na Sertã? Creio que já  existem suficientes.
 Aproveito também para salientar a liberdade ideológica que tenho e que me permite ver os factos sem palas nos olhos. Mas verifico que o que tanto incomodou  foram as minhas propostas para a redução da despesa e não a principal temática do artigo, que pelos vistos também devem considerar evidente  a desertificação do interior e a diferença de tratamento entre a Sertã e as restantes freguesias do concelho .