sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ensino secundário do Instituto Vaz Serra “salva” Concelho da Sertã

Os rankings (publicados no jornal Público) das escolas divulgados no mês de Outubro revelam dados preocupantes, tanto a nível nacional, como concelhio, apenas o secundário do Instituto Vaz Serra obtém classificação positiva nestes rankings.

No que toca ao ensino básico, o Instituto Vaz Serra (I.V.S), ocupa a posição 607 com uma média de 2,56 e a Escola Básica Padre António Lourenço Farinha ocupa a posição 724 com uma média de 2,49, ocupando ambas o meio da tabela em 1294 escolas avaliadas. Conclui-se que, os resultados foram ruinosos não só no Concelho da Sertã mas em todo o país, visto que apenas um Concelho, regista média positiva (Arruda dos Vinhos), o que se pode justificar com a dificuldade dos exames nacionais relativamente a outros anos lectivos.

Passando para os resultados do ensino secundário o Instituto Vaz Serra ocupa a posição 230 com uma média de 10,46 valores e a Escola Secundária da Sertã figura na posição 542 com uma média de 8,85 valores em 609 escolas avaliadas.

O resultado obtido pela Escola Secundária da Sertã é preocupante visto que, apesar de os exames terem sido considerados mais difíceis do que no ano transacto, a Escola ocupa a 13ª posição do distrito de Castelo Branco em 16 escolas existentes e está no último quinto da tabela nacional, registando uma queda de 131 posições relativamente ao ano passado. Não compreendi a justificação do director do Agrupamento de Escolas da Sertã ao afirmar à Rádio Condestável “Comparam o que não tem comparação pois incluem no mesmo saco escolas privadas de elite e escolas públicas que têm de receber todo o tipo de alunos”, porque que eu saiba no Pinhal Interior Sul, nenhuma das escolas analisadas pelos rankings é “privada de elite” nem fazem selecção dos seus alunos, e a Escola Secundária da Sertã é penúltima classificada sendo a última o Instituto de S. Tiago na Sobreira Formosa em 5 escolas existentes.

Quanto ao Instituto Vaz Serra (onde mais de 60% dos seus alunos beneficiam de acção social escolar) os resultados do ensino secundário são animadores ocupando a 5ª posição do distrito, e o primeiro fora das cidades, obtendo os melhores resultados do Pinhal Interior Sul e dos concelhos limítrofes do Concelho da Sertã, Ferreira do Zêzere, Mação, Figueiró dos Vinhos, Oleiros e Proença-a-Nova (os restantes Concelhos limítrofes não constam do ranking por não terem alunos internos nos exames nacionais avaliados por estes rankings).

O Instituto Vaz Serra, apesar da turbulência que teve no ano passado, com os cortes no ensino particular e cooperativo, assinala uma subida de 90 lugares, confirmando a tendência de subida dos últimos 3 anos , renovando este ano, como já mencionei, o “título” de melhor escola da região. Creio que estes resultados não acontecem por acaso, pois existe um plano educativo sólido, uma boa interacção com a comunidade local, oferta de aulas de apoio extra sem qualquer custo para os alunos, etc.

Ou seja, o Instituto Vaz Serra volta a assumir um papel de relevância no ensino regional como teve outrora, tendo comemorado 60 anos de existência no ano lectivo transacto, é a mais antiga instituição de ensino na região e uma pedra basilar para o desenvolvimento de Cernache do Bonjardim, do Concelho da Sertã e da região. Espero que esta tendência de subida nos rankings nacionais continue, e o I.V.S. volte a tornar-se uma referência a nível nacional como o foi na década de 50 e 60 do século passado.

As iniciativas que tem junto da comunidade local, têm um papel cultural e educativo fundamental, como é exemplo a iniciativa de esclarecimento aberta à população no passado mês de Setembro a propósito do Acordo Ortográfico, merecendo esta Instituição, o livro que a representa no brasão da freguesia de Cernache do Bonjardim.
Também a aposta recente no curso profissional de técnico de auxiliar de saúde é muito importante para o meio em que estamos inseridos em que o apoio a idosos, cuidados continuados e de saúde são essenciais, e sendo um curso novo no país que, segundo a Agência Nacional para a Qualificação se coloca entre os cursos profissionais que melhor empregabilidade têm, o I.V.S. é uma das poucas instituições do país a ministrá-lo. Este curso irá também acolher em breve 10 alunos vindos de S. Tomé e Príncipe seleccionados pelo Consulado São-Tomense e que ficarão instalados na Casa do Povo de Cernache do Bonjardim, onde estão a ser efectuadas obras pela Câmara Municipal da Sertã e pela Junta de Freguesia de Cernache do Bonjardim (iniciativa meritória visto que este edifício estava subaproveitado). Esta iniciativa com o Consulado de São Tomé faz renascer a ligação histórica que Cernache do Bonjardim teve com ex-colónias ultramarinas em tempos passados através do Seminário das Missões e do próprio I.V.S.

Quando das comemorações dos 60 anos do I.V.S., foi mencionada pelo Director Pedagógico Dr. Carlos Miranda, a ideia da criação de uma fundação com o nome do Comendador Libânio Vaz Serra para apoio dos alunos mais carenciados, ideia que considero interessantíssima. Com os apoios da comunidade local e regional, autarquias e alguns privados, poderia também ser criada, associada a esta fundação com o nome do maior empreendedor que estas terras alguma vez conheceram, uma incubadora de empresas que proporcionaria aos alunos (de todo o Concelho) e não só, o apoio na criação do seu próprio negócio, gerando postos de trabalho e riqueza. Assim, no longo prazo, com os rendimentos que a incubadora produzirá, os accionistas poderiam reaver o dinheiro investido, podendo quem sabe, a fundação ser auto-suficiente com os próprios proveitos. 

30 comentários:

Anónimo disse...

Instituto Vaz Serra mais uma vez em destaque, os meus parabéns para a melhor escola do pinhal interior.

Anónimo disse...

É uma vergonha para a Sertã e em especial para mim sertaginense ficar atrás do I.V.S. (Cernache) nestes rankings e pelo segundo ano consecutivo.

Anónimo disse...

O I.V.S. na década de 50 e 60 era considerado das melhores escolas do país e Cernache deve isso ao Sr. Libânio Vaz Serra e ao Dr. Gil Marçal que foi um grande pedagogo e merecia mais reconhecimento pelas gentes do concelho.

Um pequeno aparte tenho pena do estado da casa dele na Rua Torta agora Rua Gil Marçal, mais uma casa do Concelho que merecia ser recuperada.

Anónimo disse...

Um dos grandes problemas do nosso país, e com os cortes orçamentais no ensino superior e aumento do nº de alunos por turma, provavelmente estes resultados ainda vão piorar. Que futuro para Portugal?

Anónimo disse...

Excelente ideia essa a da fundação, espero é que se passe das palavras aos actos.

Anónimo disse...

Apesar do IVS salvar as contas do concelho, não deixa de ser necessária uma séria reflexão sobre os resultados.

Apesar de ser totalmente contra um ranking que simplesmente avalia as notas dos alunos, são preocupantes estes resultados. Fui aluno na Sertã, sou recém-licenciado e sinceramente, apesar do bom ensino que tive, penso que se podia ter feito mais. Mais dinamismo, mais actividades, mas acima de tudo, mais criatividade e responsabilidade.

Quanto à ideia da fundação, até apoio a criação ao nível do secundário. Acompanhei de perto a tentativa de passagem a fundação de uma instituição de ensino superior, tendo uma opinião contra (essencialmente por achar que a escola teria a sua vertente pedagógica virada para os interesses das empresas financiadoras, o que considero errado).

Anónimo disse...

Para o anónimo aqui de cima:

A fundação falada neste blog não tem como objectivo tornar o IVS numa fundação como ocorreu com algumas Universidades Portuguesas, mas sim criar a fundação para apoio aos alunos mais carenciados, como organismo independente, pelo menos foi isso que foi falado pelo director do IVS.

Quanto aos rankings, sendo a análise feita num determinado espaço com umas condições socio-economicas semelhantes, perde-se alguns dos argumentos invocados para criticar os referidos rankings, que evidentemente a nível nacional comparam o incomparável.

O que é um facto é que mesmo com mais alunos considerados carenciados o IVS tem melhores resultados que a Secundária da Sertã.

Anónimo disse...

Ao último anónimo (do anónimo das 21:37):

Entendo que seja diferente, o tipo de fundação. Aliás, o que eu refiro é que ao nível secundário até apoio. Apenas acho que se deve ter alguma cautela, pois ter empresas privadas a financiar o ensino por vezes pode acabar por ser um ensino vocacionado um pouco para as necessidades dessas empresas. Mas, concordo com a ideia.

Quanto aos rankings tem um pouco de razão, mas se por um lado vivemos em condições socio-economicas idênticas (não iguais) no concelho da Sertã, ao fazermos a análise a nível distrital a coisa muda de figura. Para além disso, não conheço a realidade actual do IVS e da ESS mas no meu tempo os cursos leccionados no IVS eram quase todos virados para a vertente técnico-profissional. Mas penso que hoje em dia isso está equilibrado.

Nem eu disse que não. Aliás, não estou aqui para comentar se uma é melhor que a outra.

Anónimo disse...

Para o anónimo (10:37),

O que está muito bem explicado neste texto e que é deveras preocupante é que a Sertã que se diz capital do Pinhal Interior, fica atrás de Proença, Oleiros e Cernache e pior só a Sobreira Formosa, segundo sei o IVS agora tem uma oferta variada entre ensino técnico-profissional e cursos gerais virados para quem quer prosseguir estudos.

Quanto à fundação principalmente na vertente da incubação de empresas, acho que seria extremamente benéfico para o Concelho, e é bom que as escolas estejam ao lado das empresas, mas não controladas por elas.

Seria bom haver apoios a estas iniciativas que certamente darão melhores resultados que relvados para o Sertanense, Voltas a Portugal e Fafic's.

Anónimo disse...

Mas eu não digo que não. Simplesmente não leio as notícias com o pensamento de "estes dizem isto, estes aquilo". Aqui não está em causa quem é melhor ou pior. Está em causa a educação de uma sociedade.

Quanto às actividades que referiu, não vamos confundir alhos com bugalhos. Por exemplo achei muito bom a vinda da Volta ao concelho.

Anónimo disse...

Temos de analisar estas questões numa óptica de custo beneficio, e a Volta os relvados do Sertanense, etc não geram beneficio suficiente para o custo que têm e na época que vivemos tem de se racionalizar os recursos e combater o desperdício e em vez destas actividades existem outras prioridades para o Concelho.

Anónimo disse...

Concordo que temos de ver as coisas pelo rácio custo benefício. Mas até que ponto se pode afirmar que a Volta teve um rácio negativo? Se contabilizarmos o dinheiro que os turistas e mesmo as pessoas do concelho gastaram no comércio (restauração essencialmente) naquele dia (já alguma contabilizou isso realmente?) bem como a divulgação que os meios de comunicação fizeram ao concelho. Será o rácio assim tão mau?

Anónimo disse...

Esse rácio é difícil de ser contabilizado, a questão é que existem necessidades mais prioritárias. Por exemplo, justifica-se gastar 250 mil euros nos novos relvados do Sertanense (havendo pessoas que dizem que poderá ascender aos 400 mil euros), este valor permitiria, resolver algumas carências do concelho, saneamento básico nalguns locais da freguesia da Sertã e Cernache, terminal rodoviário, jardim de Cernache, fundação e incubadora de empresas? Não seriam algumas destas hipóteses melhor para a qualidade de vida de todos nós em vez da Volta?

Anónimo disse...

Haverá certamente investimentos com rácios positivos e outros negativos. E outros que nunca se saberá qual o impacto real.

Mas falemos do tema do post, a educação.

Anónimo disse...

Também não concordo com a questão dos rankings como já aqui foi dito, mas à falta de outro método melhor. . .
E o que é um facto é que Cernache e Sertã têm características socio-economicas iguais e infelizmente os resultados tão à vista.

Anónimo disse...

Felizmente não foi concretizada a triste ideia de instalar no Concelho um instituto politécnico ou coisa do género.

Anónimo disse...

Por acaso nem discordo de um polo politécnico na Sertã. Depende do modo como seria implementado, das condições, etc.

Mas nem vejo grandes desvantagens...

Anónimo disse...

Para quê? Para enganar os jovens? Mesmo a maioria dos politécnicos espalhados pelo país têm uma qualidade de ensino duvidosa, qual o empregador iria querer por exemplo licenciado pelo Instituto Politécnico X polo da Sertã?

Anónimo disse...

Duas coisas: A qualidade duvidosa do ensino é real nalgumas situações, idependentemente de ser ensino politécnico ou universitário! O politécnico sempre foi, erradamente, visto como um 2º ensino, o que é totalmente errado.

Depois, se pensarmos desse modo, nunca nenhum politécnico/universidade tinha aberto as portas.

Anónimo disse...

O politécnico é de facto um segundo ensino! Quiseram foi transformar muitos politécnicos em Universidades e deu o que deu. Existem também Universidades de ensino duvidoso é facto.
Está provado que existe excesso de oferta de estabelecimentos de ensino superior e de cursos e a tendência será extinguir grande parte e não criar novos, e se todas as Vilas da dimensão da Sertã quiserem ter um estabelecimento de ensino superior não há troika que nos valha.

Anónimo disse...

Tenho de discordar que o Politécnico é um ensino de segunda! Sabe qual a instituição de ensino público nacional que mais patentes registadas tem? É um politécnico, não uma universidade. E certamente haverá mais exemplos.

Quer um profissional que saiba o porquê de um átomo se juntar a outro e formarem um composto químico com certas características? Para isso temos os universitários. Quer um profissional que sabe o que é um composto químico e consegue utilizá-lo em várias aplicações? Para isso temos os politécnicos.

Anónimo disse...

Entendeu-me mal, o que eu quero dizer é que o erro dos politécnicos foi querer tornar-se universidades, ou seja desvirtuaram o ensino técnico que deviam ter e temos poucos estabelecimentos de ensino politécnico de qualidade. Enquanto Universidades temos a de Coimbra, Lisboa, Nova e Técnica, do Porto, Minho e Aveiro entre as melhores da Europa e do ensino politécnico não me lembro de nenhum.

E está enganado no que refere, você deve estar a referir-se ao Instituto Superior Técnico que caso não saiba faz parte da Universidade Técnica de Lisboa. Agora não conhece nenhum politécnico neste país com presença nos rankings internacionais ou com prestigio nacional.

Anónimo disse...

Não estou enganado quanto ao facto de referi.

O IST que referiu é o instituto com mais artigos de I&D publicados, mas a nível de patentes é um politécnico.

Mas concordo totalmente consigo quando refere que os politécnicos erraram ao querer torna-se universidades. Mas a culpa também é do governo, pois o financiamento por aluno de politécnico é mais baixo que por aluno universitário. Ou seja, quando o próprio governo faz esta distinção...

Anónimo disse...

E já agora qual é esse politécnico? E é natural que se faça essa distinção visto ser um tipo de ensino diferente. Um dos grandes males do ensino politécnico foi a proliferação desta instituições pelo país, sendo quase obrigatório cada capital de distrito e não só ter uma instituição deste género. E também é um erro comum definir os alunos do politécnico como mais preparados para a prática, mas o que é um facto é que a maior parte destas instituições não tem uma exigência como a maioria das universidades.

Anónimo disse...

É o politécnico de Leiria, mas também patentes para ficar na gaveta que nada servem. Quanto valor produzem as patentes de leiria ao pé de Coimbra, Técnico, Nova, Porto, Aveiro etc?

Anónimo disse...

Sim, é o de Leiria. Lá está, gostei da sua análise: "Quanto valem as patentes de Leiria ao pé do Porto?" e agora, quando se fala nos desenvolvimentos feitos no Porto falamos da Universidade ou do Politécnico? Veja bem a qualidade do ISEP por exemplo! Não muito diferente da FEUP! e em alguns até melhor! (como será pior noutros, é claro)

As realidades entre tipos de ensino são diferentes. Não é possível comparar directamente ambos os ensinos, mas não se podem "rebaixar" os politécnicos pelo seu tipo de ensino. Muita coisa é feita, e bem feita, em politécnicos também. Vejo nos seus comentários algum "racismo" em relação a um ensino público que, como já foi admitido por muitos, tem uma grande importância no mercado laboral. "Cada um no seu galho"

Anónimo disse...

Não digo o contrário, mas o que afirma não tem razão de ser, a qualidade dos engenheiros da FEUP nada tem haver com o dos ISEP, também se pode dever às médias de entrada, visto que os melhores alunos por norma entram na Universidade.

O que está em causa é que todas as cidades quiseram ter um politécnico por estatuto e não é de todo necessário nem possível, se reparar os politécnicos têm sempre uma menor taxa de ocupação.

Ou seja a Sertã não tem de todo dimensão para ter um politécnico até o de Tomar, Setúbal etc. são muito discutíveis.

Anónimo disse...

Finalmente parece que temos um blogue como deve ser na região. Força, que assim continue.

João Pedro Nunes disse...

Agradeço a saudação que o Anónimo de 22 de Novembro de 2011 00:44 me dirigiu, bem como o saudável debate que temos assistido entre dois anónimos e os demais comentários. Era isto que desejava com este blog, um local de debate saudável e construtivo de ideias, que acrescentem algo.

Faço também um apelo para que se identifiquem, visto que facilita a comunicação entre todos.
Saudações a todos os comentadores, todas as ideias e opiniões desde que construtivas são bem-vindas.

Charles Dupont disse...

Oh Nunes oseu blog ainda é "mais interessante" que O Princesa da Beira... Quanto a politécnicos e universidades estamos conversados. O disparate continua sr. João Pedro Nunes.